Anátema

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Poema de Myriam Fraga



Esta legenda é minha.
É meu este grito
E o sangue
A espirrar no punhal.

Sou eu quem devora
Os próprios filhos
Sob a luz complacente
Dos espelhos.

É meu o sono
E o pesadelo dos mortos,
A última carta na mão
Do suicida.

E este trágico destino
E esta herança
De bem e mal
Que nos divide e soma.

Somos mais do que os deuses
Porque somos.




Fonte: "Poesia reunida", Oiti, 2021.
Originalmente publicado em: "As purificações ou O sinal de talião", Civilização Brasileira, 1981.