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Poema de Myriam Fraga



A solidão se habita
Como um claustro.

Há um pavor de precipício
Surgindo a cada passo,
Cada novo compasso
É símbolo de um engano.

O verde do mar
Se tornará cilício,
Quando a ilha girar
Como um relógio insano.

A moradia do sal
Lentamente se apaga,
E um polvo milenar
Esmaga-me nos sonhos.




Fonte: "Poesia reunida", Oiti, 2021.
Originalmente publicado em: "Marinhas", Macunaíma, 1964.