As tardes de maio
Poema de Myriam Fraga
Vertical
Pouso o silêncio
No chão,
Rumino espadas.
Risco de giz
É o horizonte intacto.
Cravo unhas no medo
E a estragada
Retina no cansaço
Das lunetas,
Vigias sobre a face
Dos presságios.
Entre pestanas de sal,
Um olho turvo
Planta navios no acaso,
Sortilégio de ver
Entre sargaços.
Armadilha de luz
(Gaivota ou nave)
Mundéu de alarmes
trave
Caminhos de salitre
Onde, emboscada,
Uma esfinge de sol
Devora a tarde.
Fonte: "Poesia reunida", Oiti, 2021.
Originalmente publicado em: "Sesmarias", Imprensa Oficial da Bahia, 1969.