Trovas com eco
Poema de José Albano
Debaixo desta alta fronde
Ninguém me ouvirá gemer
Co’a tristeza e desprazer
Que dentro da alma se esconde.
Eco: Onde?
Chorai, olhos meus, chorai,
Que eu não abafo o que sinto;
No coração quase extinto
Quanto tormento me vai!
Eco: Ai!
Eco saudoso e brando,
Que tens compaixão de mim,
Se sabes gemer assim,
Andas acaso penando?
Eco: Ando.
Dura sorte o céu te deu,
Mas eu sou mais desgraçado,
Pois quem por ordem do fado
Tem pesar igual ao meu?
Eco: Eu.
Fonte: "Rimas de José Albano", Pongetti, 1948.
Originalmente publicado em: "Rimas - Redondilhas; Rimas - Alegoria, Canção a Camões, Ode à Língua Portuguesa", Oficinas de Fidel Giró, 1912.