Canção do fim

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Poema de Gilka Machado



Vejo com mágoa de despedida
tudo quanto atraia meu olhar.
Porque te amamos muito mais, ó Vida,
quando sentimos que nos vais deixar?

Sempre versátil, sempre fingida,
custa um sorriso teu quanto pesar!
e, mesmo assim, como te amamos Vida,
quando sentimos que nós vais deixar!

Se de alegrias tu me foste avara,
quero te confessar humilhada, baixinho:
levo saudade, não de teu carinho,
mas de teu mau trato a que me acostumara.




Fonte: "Velha poesia", Tipografia Baptista de Souza, 1965.
Originalmente publicado em: "Velha poesia", Tipografia Baptista de Souza, 1965.

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