Monotonia da tarde tropical
Poema de Ronald de Carvalho
Nos jardins do arrabalde os girassóis dourados
abrem os cálices pesados para o poente.
Nos jardins solitários desce a penumbra humildemente,
desce a penumbra nos jardins calados.
Doçura do crepúsculo,
doçura das montanhas e das árvores silenciosas
no crepúsculo...
Rola no ar morno um perfume acre de ervas queimadas,
um perfume voluptuoso de carne e de frutas ácidas.
Sobre os jardins do arrabalde,
surge trêmula, trêmula,
a primeira estrela.
Fonte: "Epigramas irônicos e sentimentais", Anuário do Brasil, 1922.
Originalmente publicado em: "Epigramas irônicos e sentimentais", Anuário do Brasil, 1922.