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Poema de Eduardo Guimaraens



Insone de alma! Em vão! É tudo insônia, tudo!
Não foi o que passou uma insônia suprema,
um pesadelo em claro? E o que há de vir a extrema
vigília de algum sonho alegre em que me iludo?

E a febre ardendo, coração? E o lábio mudo?
Que te importa, porém, o bronze que me algema?
Farei do meu delírio o teu mais belo estema!
Da minha dor farei um leito de veludo:

e dormirás! Dormir? Que vale o sono! Foi-te
uma insônia sinistra e lúgubre o passado...
Olha: a sombra consola a mágoa do que existe!

E, ao fundo do teu mal que a noite fez mais triste,
hora estranha de angústia e de amor olvidado,
ouve a recordação como uma meia-noite!



Fonte: "A divina quimera", digitalização de Marco Antonio Rodrigues ,2006.
Originalmente publicado em: "A divina quimera", Tipografia Apollo Vieira da Cunha & Cia, 1916.

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