O roceiro na corte (trecho)
Poema de Francisco de Paula Brito
II
Estou falto de memória,
Perco o fio da oração;
Quero ver se conto a história
Sem nova atrapalhação.
Oh que Tijuca tão bela!
Não há Maxambomba igual!
Diz muita gente que é ela
A Cintra de Portugal!...
A Maxambomba?
Ah, ah, ah, ah!
Esta é de arromba
E não é má!...
Eu na cidade
Sou raridade!..
Oh que Tijuca!
Oh que viagem!
Eu e o Manduca
De carruagem,
Ao som da gaita,
Fuen-fuen, fuen-fuen,
Fizemos bichas
Como ninguém!
Eu na cidade
Sou raridade!..
Mas lá na roça,
Lá sou eu gente!..
Quem for chibante
Pule pra frente!
Na cidade, o que sou eu?
Mas na roça? - aquilo é meu!
Fonte: "Poesias", Tipografia Paula Brito, 1863.
Originalmente publicado em: "Livrinho das moças", 1856.