Longe de tudo
Poema de Cruz e Souza
É livres, livres desta vã matéria,
Longe, nos claros astros peregrinos
Que havemos de encontrar os dons divinos
E a grande paz, a grande paz sidérea.
Cá nesta humana e trágica miséria,
Nestes surdos abismos assassinos
Teremos de colher de atros destinos
A flor apodrecida e deletéria.
O baixo mundo que troveja e brama
Só nos mostra a caveira e só a lama.
Ah! só a lama e movimentos lassos...
Mas as almas irmãs, almas perfeitas.
Hão de trocar, nas regiões eleitas,
Largos, profundos, imortais abraços!
Fonte: "Últimos sonetos", Aillaud & Cia , 1905.
Originalmente publicado em: "Últimos sonetos", Aillaud & Cia , 1905.