Incoerência


Poema de Raimundo Correa



Quem faz o grilho em que a alma sinto presa,
Ao mesmo tempo doce e amargurado,
Como um misto de júbilo e tristeza,
De lágrima e sorrir, de dor e agrado;

Quem mais estreita torna-me a estreiteza
Do cárcere em que vivo encarcerado;
É de que sou feliz esta certeza,
Esta certeza de que sou amado.

Amando, ergueste-me a alma, e tanto, que ela
Junto à tua tão alto e tão por cima,
Estremece, a abranger tudo o que abrange:

Sou feliz, sou amado! e, entanto, ó bela!
Como este ser feliz me desanima!
Como este ser amado me constrange !



Fonte: "Versos e versões", Moreira Maximino & Cia, 1887.
Originalmente publicado em: "Versos e versões", Moreira Maximino & Cia, 1887.

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