Canção para a minha morte
Poema de Manuel Bandeira
Bem que filho do Norte,
Não sou bravo nem forte.
Mas, como a vida amei,
Quero te amar, ó morte,
- Minha morte, pesar
Que não te escolherei.
Do amor tive na vida
Quanto amor pode dar:
Amei, não sendo amado,
E sendo amado, amei.
Morte, em ti quero agora
Esquecer que na vida
Não fiz senão amar.
Sei que é grande maçada
Morrer, mas morrerei
- Quando fores servida -
Sem maiores saudades
Desta madrasta vida,
Que todavia amei.
Fonte: "Antologia Poética", Editora Nova Fronteira, 2001.
Originalmente publicado em: "Estrela da Tarde", 1963.