A saudade

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Poema de Alvarenga Peixoto



Não me aflige do potro a viva quina;
Da férrea maça o golpe não me ofende;
Sobre as chamas a mão se não estende;
Não sofro do agulhete a ponta fina.

Grilhão pesado os passos não domina;
Cruel arroxo a testa me não fende;
À força a perna ou braço se não rende;
Longa cadeia o colo não me inclina.

Água e pomo faminto não procuro;
Grossa pedra não cansa a humanidade;
O pássaro voraz eu não aturo.

Estes males não sinto, é bem verdade,
Porém sinto outro mal inda mais duro:
- Sinto da esposa e filhos a saudade!



Fonte: "Obras Poéticas", Livraria B. L. Garnier, 1865.
Originalmente publicado em: dispersos em obras como "Parnaso Brasileiro", "Novo Parnaso Brasileiro", "Miscelânea Poética",, "Jornal Poético" e "Coleção de poesias", entre 1809 e 1855.


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