* - Cláudio Manuel da Costa

Imagem de Cláudio Manuel da Costa, poeta do Arcadismo brasileiro

Poema de Cláudio Manuel da Costa



Já me enfado de ouvir este alarido
Com que se engana o mundo em seu cuidado;
Quero ver entre as peles e o cajado,
Se melhora a fortuna de partido.

Canse embora a lisonja ao que ferido
Da enganosa esperança anda magoado;
Que eu tenho de acolher-me sempre ao lado
Do velho desengano apercebido.

Aquele adore as roupas de alto preço,
Um siga a ostentação, outro a vaidade;
Todos se enganam com igual excesso.

Não chamo a isto já felicidade;
Ao campo me recolho, e reconheço
Que não há maior bem que a soledade.



Fonte: "Obras poéticas", H. Garnier, 1903.
Originalmente publicado em: "Obras", 1768.