Gandavo
Poema de Oswald de Andrade
hospedagem
Porque a mesma terra é tal
E tão favorável aos que vão buscar
Que a todos agasalha e convida
corografia
Tem a forma de hua harpa
Confina com as altíssimas terras dos Andes
E faldas do Peru
As quais são tão soberbas em cima da terra
Que se diz terem as aves trabalho em as passar
salubridade
O ser ela tão salutífera e livre de enfermidades
Procede dos ventos que cruzam nela
E como todos procedem da parte do mar
Vem tão puros e coados
Que não somente não danam
Mas recreiam e acrescentam a vida do homem
Procede dos ventos que cruzam nela
E como todos procedem da parte do mar
Vem tão puros e coados
Que não somente não danam
Mas recreiam e acrescentam a vida do homem
sistema hidrográfico
As fontes que há na terra são infinitas
Cujas águas fazem crescer a mutos e mui grandes rios
Que por esta costa
Assim da banda do Norte como do Oriente
Entram no mar oceano
país do ouro
Todos têm remédio de vida
E nenhum pobre anda pelas portas
A mendigar como nestes Reinos
natureza morta
A esta fruita chamam Ananases
Depois que são maduras têm um cheiro mui suave
E come-se aparados feitos em talhada
E assim fazem os moradores por ele mais
E os têm em maior estima
Que outro nenhum pomo que aja na terra
Depois que são maduras têm um cheiro mui suave
E come-se aparados feitos em talhada
E assim fazem os moradores por ele mais
E os têm em maior estima
Que outro nenhum pomo que aja na terra
riquezas naturais
Muitos metais pepinos romãs e figos
De muitas castas
Cidras limões e laranjas
Uma infinidade
Muitas canas daçucre
Infinito algodão
Também há muito paobrasil
Nestas capitanias
festa da raça
Há certo animal se acha também nestas partes
A que chamam Preguiça
Tem uma guedelha grande no toutiço
E se move com passos tão vagarosos
Que ainda que ande quinze dias aturado
Não vencerá a distância de um tiro de pedra
Fonte: "Oswald de Andrade - Poesia Reunida", Editora Civilização Brasileira, 1974.
Originalmente publicado em: "Pau-Brasil", Sains Peril, 1925.