* - Cláudio Manuel da Costa

Imagem de Cláudio Manuel da Costa, poeta do Arcadismo brasileiro

Poema de Cláudio Manuel da Costa



Que inflexível se mostra, que constante
Se vê este penhasco! Já ferido
Do proceloso vento, e já batido
Do mar que nele quebra a cada instante!

Não vi; nem hei de ver mais semelhante
Retrato dessa ingrata, a que o gemido
Jamais pode fazer que, enternecido,
Seu peito atenda às queixas de um amante.

Tal és, ingrata Nise: a rebeldia
Que vês nesse penhasco, essa dureza
Há de ceder aos golpes algum dia:

Mas que diversa é tua natureza!
Dos contínuos excessos da porfia
Recobras novo estímulo à fereza.



Fonte: "Obras poéticas", H. Garnier, 1903.
Originalmente publicado em: "Obras", 1768.