* - Cláudio Manuel da Costa

Imagem de Cláudio Manuel da Costa, poeta do Arcadismo brasileiro

Poema de Cláudio Manuel da Costa



Não vês, Nise, este vento desabrido
Que arranca os duros troncos? Não vês esta,
Que vem cobrindo o céu, sombra funesta
Entre o horror de um relâmpago incendido?

Não vês a cada instante o ar partido
Dessas linhas de fogo? Tudo cresta,
Tudo consome, tudo arrasa e infesta
O raio a cada instante despedido.

Ah! não temas o estrago que ameaça
A tormenta fatal; que o Céu destina,
Vejas, mais feia, mais cruel desgraça:

Rasga o meu peito, já que és tão ferina;
Verás a tempestade que em mim passa;
Conhecerás então o que é ruína.




Fonte: "Obras poéticas", H. Garnier, 1903.
Originalmente publicado em: "Obras", 1768.