Festejo do Entrudo
Poema de Gregório de Matos
Filhós, fatias, sonhos, mal-assadas,
Galinhas, porco, vaca e mais carneiro,
Os perus em poder do Pasteleiro,
Esguichar, deitar pulhas, laranjadas.
Enfarinhar, pôr rabos, dar risadas,
Gastar para comer muito dinheiro,
Não ter mãos a medir o Taverneiro,
Com réstias de cebolas dar pancadas.
Das janelas com tanhos dar nas gentes,
A buzina tanger, quebrar panelas,
Querer em um só dia comer tudo.
Não perdoar arroz nem cuscuz quente,
Despejar pratos e limpar tigelas,
Estas as festas são do Santo Entrudo.
Fonte: "Obra Poética", Editora Record, 1992.
Originalmente publicado em códices da segunda metade do século XVII.