Trecho de 'Meus sonhos'

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Poema de Casimiro de Abreu



Como era belo esse tempo
De tão doces ilusões,
De tardes belas, amenas,
De noites sempre serenas,
De estrelas vivas e puras;
Quadra de riso e de flores,
Em que eu sonhava venturas,
Em que eu cuidava de amores!

Ah! minha infância saudosa,
Que me mostravas à mente,
N'esse viver inocente,
Tão verdejante e florida
A longa estrada da vida,
Que é toda escabrosa!
E eu, inexperta criança,
Que tinha fé no porvir
Por ver o mar em bonança
E minha mãe a sorrir!...
E julguei que era verdade!
E acreditava nos sonhos
Feiticeiros e risonhos!...
Ilusões da mocidade
Cheias de terna magia,
Nascem douradas e belas
Como o fulgor das estrelas.
E morrem no mesmo dia!...


Fonte: "Obras Completas", B L Garnier, 1887.
Originalmente publicado em: "Primaveras", 1858.

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