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Poema de Júlia Cortines



Aproximo-me triste. O meu cavalo,
O ar da madrugada respirando,
Inquieto e ardente espera; pra domá-lo
Alcanço a sela, as rédeas apertando.

O nevoeiro pálido esgarçando
O sol, o campo rociado, o valo
Extenso, nada, a meu olhar brilhando,
Pode de ignotas sombras afastá-lo.

É que só volto à casa que deixamos
Juntos e alegres. Fito os mesmos ramos,
A mesma estrada, que seguimos, sigo.

Mas, como então, não vejo a aurora d’oiro
Em tua fronte juvenil, e o loiro
Brilho do sol em teu olhar amigo.



Fonte: "Versos; Vibrações", Academia Brasileira de Letras, 2010.
Originalmente publicado em: "Versos", Tipografia Leuzinger, 1894.

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