Sono e despertar do poeta
Poema de Jorge de Lima
O meu nascimento me acordou,
a minha morte me adormecerá.
Tu levas um cadáver para onde amigo?
A vida é cheia de guizos
tapa os ouvidos dorme, dorme.
Dorme, dorme, a noite é boa,
odia é oco como um guizo.
A minha morte me adormecerá.
O meu nascimento me acordou.
Tu levas um cadáver para onde, amigo?
Sol, sê testemunha que o fim já chegou,
que a carne morreu,
que a alma está viva.
Antes de tu te extinguires, Sol
olha o espírito continuando.
Fonte: "Obra Poética", Editora Getulio Costa, 1949.
Originalmente publicado em: "Tempo e eternidade", 1935.