Sperate, creperi!

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Poema de Olavo Bilac



Não sei. Duvido e espero. Na ansiedade,
Vago, entre vagas sombras. Se não rezo,
Sonho; e invejo dos crentes a humildade
E o orgulho dos filósofos desprezo.

Como um Jó miserável da verdade
E de receios farto como um Creso,
Adormeço a tristeza que me invade
E engano o coração cansado e leso...

Talvez haja na morte o eterno olvido,
Talvez seja ilusão na vida tudo...
Ou geme um deus em cada ser ferido...

Não afirmo, não nego. É vão o estudo.
Quero clamar de horror, porque duvido:
Mas, porque espero, - espero, e fico mudo.



Fonte: Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
Originalmente publicado em: "Tarde", 1919.

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