Sob o céu todo estrelado
Poema de Manuel Bandeira
As estrelas, no céu muito límpido, brilhavam, divinamente distantes.
Vinha da caniçada o aroma amolecente dos jasmins.
E havia também, num canteiro perto, rosas que cheiravam a jambo.
Um vaga-lume abateu sobre as hortências e ali ficou luzindo misteriosamente.
A parte as águas de um córrego contavam a eterna história sem começo nem fim.
Havia uma paz em tudo isso...
(Era de resto o que dizia lá dentro o meigo adágio de Haydn.)
Tudo isso era tão tranquilo... tão simples...
E deverias dizer que foi o teu momento mais feliz.
Fonte: "Antologia Poética", Editora Nova Fronteira, 2001.
Originalmente publicado em: "O Ritmo Dissoluto", 1924.