Niebla vermelha - Murilo Mendes
Poema de Murilo Mendes
O sol circunscreve a muralha:
Sangra a castidade descoberta.
O rio carreando sangue
Na sua túnica de metais
Bebe os campos andaluzes.
A marcha do mundo desemboca
Neste cerrado quilômetro
De sólidos ecos.
O vermelho dá um tiro no silêncio
Das casas organicamente dispostas
No espaço de quadro concreto.
Isola-se o vermelho sem umidade.
Vive o despojamento aliado à cor.
O ar vermelho desenovela a faixa,
Propício à explosão de pequenos planetas
Em cacto, pedra e palavra arterial.
Fonte: "Poesia completa e prosa", Nova Aguilar, 1994.
Originalmente publicado em: "Tempo espanhol", Morais Editora, 1959.
