Eugênia - Myriam Fraga


Poema de Myriam Fraga



Não te darei,
Amor,
Profundas mágoas,

Mas indomada
Paixão,
Oceano de lavas.

Não te direi
Sou tua,
Porque minto.

Só em mim,
Em mim mesma
Pressinto
O êxtase de pisar
No risco que divide.

Tumulto é minha voz
Cintilando, nos palcos.
Minha voz que é tua voz.

Cicuta é meu veneno,
Meu perfume, absinto.

Adeus, para sempre,
Adeus.
No cálice a última gota.

O mais é precipício




Fonte: "Poesia reunida", Oiti, 2021.
Originalmente publicado em: "Femina", Fundação Casa de Jorge Amado/Copene, 1996.