Poema claro - Murilo Mendes
Poema de Murilo Mendes
A peregrina de vestes brancas
Apresenta-me o manequim do absoluto
Enquanto meus olhos bêbedos de tantas visões
Pedem a desaparição do campo de cadáveres
E da fotografia de massacres e reféns.
Atrás de mim
Alguém se ri da imortalidade:
Sou eu mesmo quem ri no século treze,
Sobrevivendo a tudo que odiei
E que me perseguiu
Sem um doce concerto de violinos
Nem ao menos um buquê de flores.
Fonte: "Poesia completa e prosa", Nova Aguilar, 1994.
Originalmente publicado em: "Mundo Enigma", Editora Globo, 1945.
