Diurno cruel - Murilo Mendes
Poema de Murilo Mendes
1
Servida a sinfonia, poderíamos nos sentar.
Cruel é o azul: de um buquê de vidas
Surge a guerra.
Sinistro panejamento...
Todos pisam em crianças que foram.
2
Miséria, diamante azul, abandono.
Flores despojadas da vida essencial:
Ai que o pensamento da guerra
É para impedir a sede
E acelerar
A crucificação.
Fonte: "Poesia completa e prosa", Nova Aguilar, 1994.
Originalmente publicado em: "Mundo Enigma", Editora Globo, 1945.
