Xodó - Murilo Mendes
Poema de Murilo Mendes
O Cruzeiro do Sul não tira o pé do lugar
enquanto os dois namorados não descolam do portão.
As formas futuras esperam pacientemente no fundo dos corpos
porque eles evoluem em sentido vertical
misturando os cabelos e as respirações.
O cheiro dos jasmins bate no nariz dos dois cutuba
mas eles não sentem nada
e ficam ali a noite inteira bobos ao ar livre matutando.
Fonte: "Poesia completa e prosa", Nova Aguilar, 1994.
Originalmente publicado em: "Poemas", Editorial Dias Cardoso, 1930.
