Força do Aleijadinho - Murilo Mendes
Poema de Murilo Mendes
A mão doente parou,
Fica suspensa no ar,
Inutilizada no ar.
Lá fora os lundus dos escravos
Acordam a lua do sono.
A escultura bem que pede
Uma força bem maior.
Uma força bem maior.
- Homem homem se me acabas
Eu acabo te abraçando.-
Eu acabo te abraçando.-
E a mão nunca que chega
Até o fim do caminho,
Ela está presa, bem presa,
Desde o princípio do mundo.
Então de dentro do corpo
Do homem disforme e triste
Sai uma boca de fogo,
Sopra no corpo da estátua
Que respira já prontinha,
Dá um abraço no escultor.
Fonte: "Poesia completa e prosa", Nova Aguilar, 1994.
Originalmente publicado em: "História do Brasil", Edição de Ariel, 1932.
