Estudo quase patético - Murilo Mendes
Poema de Murilo Mendes
O vento em ré maior
Prepara o temporal,
Desfolha as estátuas,
Parte as hélices dos anjos.
Ah! quem é que namora
As filhas dos açougueiros?
Sempre que passo
Diante de um açougue
Vejo a filha do açougueiro
De olhos baixos, tão triste.
O temporal arranca os postes do lugar,
Os peixes pulam na atmosfera,
A luz elétrica protesta no caos.
As ondas com trabalho
Avançam contra o farol,
Os quatro elementos em itálico
Anunciam a vinda do Anticristo
As ondas com trabalho
Avançam contra o farol,
Os quatro elementos em itálico
Anunciam a vinda do Anticristo
- Um som de piano
Se mantém na desordem -
Em vez do reclamo KODAK
Se lê JUÍZO FINAL,
Mas eu não posso esquecer
As filhas dos açougueiros.
Fonte: "Poesia completa e prosa", Nova Aguilar, 1994.
Originalmente publicado em: "O visionário", José Olympio Editora, 1941.
Se mantém na desordem -
Em vez do reclamo KODAK
Se lê JUÍZO FINAL,
Mas eu não posso esquecer
As filhas dos açougueiros.
Fonte: "Poesia completa e prosa", Nova Aguilar, 1994.
Originalmente publicado em: "O visionário", José Olympio Editora, 1941.
