Orobô


Poema de Cícero de Almeida



Preto véio, filho do Congo,
fica contente quando dança o jongo.
Bate o tamborim com a mão canhota,
fazendo a negraria de canela torta.

Preto velho fica assanhado,
chama os cambones, vai pro terreiro.
Batuada nesse mundo inteiro,
batuada nesse mundo inteiro.

Mãe de santa, lá de Aruanda,
pegar o jurenio e dança de banda.
Preto véio fica consolado
de ver a mãe de samba com os olhos virados.

Tem gerebum, obi, oborô,
marafo, pemba, da lei de nagô.
Beija o terreno, que o papai chegou,
preto véio de zumbi eu sou.




Fonte: "Acervo Digital Pixinguinha", 2023.
Originalmente publicado em: disco Odeon 10577, 1930.