Não dou confiança ao azar


Poema de Cícero de Almeida



Não dou confiança ao azar.
Vocês andam iludidos
do meu modo de viver.
Dinheiro e amor pra mim não falta,
sou do samba e sou da orgia,
também sei me defender.

Um golpe de azar é comum.
Ainda não dei nenhum.
Vocês bem devem saber
que um santo forte é meu guia,
pois veio lá da Bahia
só para me proteger.

Ninguém pode mais viver bem.
Os malandros tem inveja
da vida que eu tenho agora.
Promessas de amores, eu nem falo,
vocês pensam que é mentira,
mas eu tenho a toda hora.

Mas isso não me adianta,
o que eu quero é meu sossego,
viver bem e trabalhar.
Sempre com fé e meu guia,
pra viver com harmonia
e vocês terem o que falar.




Fonte: "Acervo Digital Pixinguinha", 2023.
Originalmente publicado em: disco Odeon, 1929.