O súcubo
Poema de Myriam Fraga
Na calada da noite,
Tua sombra me visita
E me habita,
Como se habita um claustro,
Como habitam
Os pássaros suas torres,
Como habita
A fera seus domínios,
Como pisa o senhor
Os limites do paço,
Dono do labirinto
E de seus quartos.
Na volúpia da posse,
Teu estigma
É como marca na carne,
Ferro em brasa
Que se dilui e apaga
E deixa apenas
Rastros,
Apenas o apagado
Percurso de teus dedos
Nas espáduas.
Fonte: "Poesia reunida", Oiti, 2021.
Originalmente publicado em: "Femina", Fundação Casa de Jorge Amado/Copene, 1996.