Buenos Aires à Noite

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Poema de Olga Savary



Gente em automóveis, ondas vivas
desafiam o tórrido olho da cidade
que não dorme.
Risadas, palavras altas
alçam-se aos últimos andares,
um grito e buzinas dão no mesmo,
a vida alerta espera.
Espera o quê?
Alardeando um matrimônio, como dizem
de recém-casados, escrito a giz branco
nos vidros, às vezes passa um carro,
bicho estranho com latas atadas
a barbantes, como cauda.
Saudade não tem equivalência em outra língua
e é pra sentir. Corrientes, Lavalle, Florida,
quando dormem?




Fonte: "Repertório selvagem - obra reunida", Biblioteca Nacional/ Multi Mais/ Universidade de Mogi das Cruzes, 1998.
Originalmente publicado em: "Rudá", UERJ, 1994