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Poema de Vera Lúcia de Oliveira
disse que não ia morrer
como toda gente
bastaria ir sumindo pelas brechas
da madeira velha dessa casa
que ela mesma ajudou a construir
disse que a deixassem mofar
pingar rachar esfarelar-se
onde o cimento vai sendo
puído pelo tempo e o metal
dos pregos se enferrujando
ali entraria na terra
como vira entrar todos
os mortos que por baixo
dela aguardavam
seus ossos
Fonte: "Revista Opiniães", DLCV-USP, 2019.
Originalmente publicado em: "Revista Opiniães", DLCV-USP, 2019.