Um dia, ossos

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Poema de Olga Savary



A manhã trouxe surpresa de ossos
guardados em gavetas ou organizados
atrás de opalescentes, dourados vidros,
no corredor propício ao mistério.
Então é o susto nos olhos
e o medo nas mãos inábeis
tocando toda essa precária
matéria antiga, encardida,
e tirando no toque o som
de uma música escondida
nessa antiquíssima,
milenar memória.




Fonte: "Repertório selvagem - obra reunida", Biblioteca Nacional/ Multi Mais/ Universidade de Mogi das Cruzes, 1998.
Originalmente publicado em: "Espelho Provisório", José Olympio, 1970.