O caramujo e seu espelho
Poema de Olga Savary
Caramujo
concha
coral mais que escondido
Vaga
onda
menos real que pressentida
Vento
fumo
acostumando ao sono
Margem
meio
submergidos no silêncio
Ganho
perda
na mais ausente permanência
Igual
espelho
fragmentado como o riso
Jade
mar
água mais que ferida
Sal
espuma
abalando viga submersa
Espelho
reflexo
de um mesmo revolvido interior
Reserva
mudança
de frio escondendo a chama
Calma
guerra
que se move não se sabe onde
Lasca
seta
inserida agora e no que foi
Ferro
fera
pedra suportando tantas cicatrizes
Sol
fogo
marcas de fogo como línguas.
Fonte: "Repertório selvagem - obra reunida", Biblioteca Nacional/ Multi Mais/ Universidade de Mogi das Cruzes, 1998.
Originalmente publicado em: "Espelho Provisório", José Olympio, 1970.