genesis

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Poema de Claudia Roquette-Pinto



ninguém diz: cor de mormaço o teu pelo
nem das amêndoas sabem o talismã
um hall de hotel e o maître toma arsênico
veludo e espasmo têm o mesmo efeito

no beco vi umas bananas ardendo
um álcool que rimava com veneno
os dias maturavam sortilégios
os meses no meu rosto feito vento

às vezes lapsos dentro do semestre
e o azul pulverizado das manhãs
queimava nas artérias sol e éter

eu-dezessete e meio, etcétera
qualquer palavra que valesse a pena
o fogo em plena praça, esse poema.




Fonte: "Os dias gagos", Edição da autora, 1991.
Originalmente publicado em: "Os dias gagos", Edição da autora, 1991.