Vilancete
Poema de José Albano
Com lembranças de meu bem
Sozinho estive a chorar
Entre o sol-posto e o luar.
Voltas
Na hora mais triste que eu sei
Das horas que vêm e vão,
Saudosamente espalhei
Suspiros do coração;
Pois que me nascia, então,
Uma mágoa singular
Entre o sol-posto e o luar.
E eu dizia: “O sol morreu,
Não me vê gemendo assim,
A lua oculta no céu
Não sente pena de mim.
O dia teve o seu fim
E a noite está por chegar
Entre o sol-posto e o luar.
"Já chorei muito a sofrer
Saudades longe de ti,
Porém nunca em desprazer
Senti o que sinto aqui!”
E destarte conheci
Quanto é mais triste - chorar
Entre o sol-posto e o luar.
Fonte: "Rimas de José Albano", Pongetti, 1948.
Originalmente publicado em: "Rimas - Redondilhas; Rimas - Alegoria, Canção a Camões, Ode à Língua Portuguesa", Oficinas de Fidel Giró, 1912.