Quadras populares 721 a 740
Poema anônimo
721
Pastor que veio do campo
À minha porta bateu;
Veio me dar a notícia
Que a minha Liria morreu.
722
Passeia, meu bem, passeia
Por paragens que eu te veja;
Inda que a boca não fale,
Meu coração te festeja.
723
Perguntei ao beija-flor
Como é que se namora:
"Põe o lenço na algibeira,
Deixa a pontinha de fora."
724
Paulo, Ruivo e Madeira
Foram fazer caruru;
O Paulo deu a farinha.
Ruivo mexeu o angu.
725
Pedimos a vós, Senhora,
Dona da terra e do mar,
Refrigério para o corpo,
Graça para vos amar.
726
Pinheiro, me dá uma pinha,
Pinha, me dá um pinhão;
Morena, me dá um beijo
Que eu te dou meu coração.
727
Passe o tempo que passar.
Viva os anos que viver.
Ande eu por onde andar,
De ti não hei de esquecer.
728
Perde a rosa o cheiro ativo,
Só não perde a linda cor;
Tudo no mundo se muda,
Só não muda o nosso amor.
729
Parece que choram sempre
As flores do campo santo:
Quando a ventania passa
Cai orvalho como pranto.
730
Pediste-me o meu retrato,
Vê como andava enganado :
Supunha que já o tinhas
Dentro do peito gravado.
731
Para ti, Chininha, eu daria
Meu cavalo pangaré:
Só por teu amor morria
Nas guampas do jaguané.
732
Procurei minha morena
Para os lados de Inglaterra:
Meu plano saiu errado
- Não há ninguém que não erre.
733
Pra que serve um pingo d'água
Na beira do rio corrente?
Pra que serve ter amor
A quem não faz conta da gente?
734
Pra tudo encontro medida,
Para chita e pro fustão:
Só não encontro medida
Para a tua ingratidão.
735
Para lá escuta, mano,
Bonito vou lhe conta,
Quem não pode com mandinga
Não carrega patuá.
736
Põe-se o sol e põe-se a lua,
Põem-se as estrelas também,
Só eu não posso me pôr
Nos pés de quem quero bem.
737
Por seres ausente vivo
Queixoso, porém constante:
Ausente, mas sempre firme,
Queixoso, mas sempre amante.
738
Preso estou nesta cadeia
Que tem grades de papel;
Fui preso por teu sorriso,
Me solta, ingrata cruel!
739
Passarinho, só tu podes
Com penas viver cantando;
Eu não posso ser assim,
Com penas vivo chorando.
740
Passarinho, pra que cantas
Alegre ao pé de quem chora?
Se teu cantar te alivia,
Não cantes mais - vai-te embora.
Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.