200. Minera


Poema de crroma



O futuro minera
o corpo de povos,
minera lugares
num embaraçar de elementos.

A avidez prolifera
com o futuro da elétrica utopia
sem fossilizados combustíveis.
Rasga leitos terrestres
para extração de minérios.

Abrem-se em minas as plantas e os solos,
os bichos, as chuvas,
abrem-se as águas, os nomes,
convertidos em seca rigidez mineral.

O futuro minera os sonhos,
sob o desígnio de conservar a estéril
consumação do mundo
por quem logrou o industrioso triunfo.

Minera-se com poeiras
as tradições, as origens,
minera-se com dinamite as geografias,
com cortes as matas,
por um futuro que seja extensão
do mesmo arcaico desdouro.




(De Agência Brasil: ´Busca por minerais da transição energética acelera crise climática´)