Quadras populares 441 a 460
Poema anônimo
441
Labatut jurou a Pedro,
Quando lhe beijou a mão,
Botar fora da Bahia
Esta maldita nação!
(Alusiva à expulsão das tropas de Portugal da Bahia em 1822/1823 - Guerra da Independência)
442
Quando lhe beijou a mão,
Botar fora da Bahia
Esta maldita nação!
(Alusiva à expulsão das tropas de Portugal da Bahia em 1822/1823 - Guerra da Independência)
442
Lá no alto daquele morro
Passa boi, passa boiada;
Também passa moreninha
De trancinha cacheada.
443
Limoeiro, baixa a rama
Que eu quero tirar limão:
Quero tirar uma nódoa
Que tenho no coração.
444
Levanta a saia, mulata,
Não deixa a saia arrastar:
A renda custa dinheiro,
Dinheiro custa a ganhar.
445
Lá do céu caiu um cravo
Que do alto se desfolhou:
Quem quiser casar comigo
Vá pedir quem me criou.
446
Lá no cume da tristeza,
No centro da soledade,
Nutriu-se o meu coração
Sofrendo a dor da saudade.
448
Lírio branco, lírio preto,
Lírio da minha almofada;
Dia que não vejo lírio
Não coso, não faço nada.
Lírio da minha almofada;
Dia que não vejo lírio
Não coso, não faço nada.
449
Lá em baixo no Paraíba
Travessei o rio a nado;
Com Maria na garupa
Quase morri afogado.
450
Lá de traz daquela serra
Tem um pé de abóbora d’água;
Quando eu olho a sua cara
A minha boca enche d’água.
451
Lá detrás daquela serra
Tem uma fita voando;
Não é fita, não é nada,
É meu bem que está penando.
452
.
Lá se vai o sol entrando
Redondo como um botão;
Alegria aos camaradas
É tristeza pro patrão.
Lá se vai o sol entrando
Redondo como um botão;
Alegria aos camaradas
É tristeza pro patrão.
453
Morena, minha morena,
Rainha do mutirão;
Não há ninguém que te iguale
Nas rodas deste sertão.
454
Minha esperança morreu,
Eu botei luto por ela:
Um palito encarnado
E uma saia amarela.
455
Minha sinhá, quero mana,
Quero mana de Lorena:
Pra te deixar eu não posso,
Pra te levar tenho pena.
456
Menina dos olhos pretos,
Sobrancelhas de retros,
Dá um pulo na cozinha,
Vai quentar café pra nós.
457
Mesmo quando de ferir-nos
A desgraça não se cansa,
Entre as dores mais acerbas
Nunca se perde a esperança.
459
Mente quem diz nesta vida
Muitos males ter sofrido.
Só de um mal a gente sofre:
É do mal de ter nascido.
Muitos males ter sofrido.
Só de um mal a gente sofre:
É do mal de ter nascido.
460
"Menina de saia branca
Que fazes no teu quintal?"
"Estou lavando meu lencinho
Para o dia de Natal."
Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.