Quadras populares 341 a 360


Poema anônimo



360

Eu vou dar a despedida
Por cima da rabilonga:
Os moços mexem co’as moças.
Dizem depois que é candonga.

342

Em cima daquele morro
Tem um pé de gravatá;
Também tem uma carinha
Que de lá olha pra cá.

344

Eu pisei na cana verde,
A cana verde ringiu;
Quando eu fui tomar amor
Papai nem Mamãe não viu.

345

Eu não visto calça justa
Nem também larga demais.
Eu não quero amor deixado
Que os outros não querem mais.

346

É hoje segunda-feira,
Princípio de uma semana:
Menina se ocê me quer
Muda a roupa e não me engana.

347

Eu trepei num pé de cravo
Para ver o que avistava;
Cada folha que caia
Era um suspiro que eu dava.

348

Essa noite eu acordei
Dando suspiros e ais;
Viro de um lado pra outro,
Cada vez suspiro mais.

349

Eu tratei meu casamento
Debaixo do alecrim:
A moça me deu a taboa
- Bom pra ela, melhor pra mim.

350

Esta vai por despedida
Como deu a pintassilga:
Adeus, coração de prata,
Perdição da minha vida!

351

Esse lenço representa
A nossa grande amizade;
Cada ponto amor indica,
Cada letra uma saudade.

354

Eu tenho a minha viola.
Ninguém nela põe a mão;
Só se for minha cunhada,
A mulher de meu irmão.

355

Eu quero, meu bem, eu quero,
Eu quero meus tristes ais;
Eu quero brincar contigo
E sem ti com ninguém mais.

357

Eu tenho um laço de fita
Daquela mais carmesim
Para laçar meu benzinho
Quando passar no jardim.

358

Eu quero, meu bem, eu quero,
Contigo fazer primor;
Ainda que tu não queiras
Eu sempre sou teu amor.

360
Essa viola que toco
Também sabe querer bem:
Quando ela me vê chorando
Chora comigo também.



Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.

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