Quadras populares 221 a 240
Poema anônimo
221
De manhã encilho o pingo,
Solto o poncho estrada fora ;
Canta o galo, chora a china
Que o gaúcho vai-se embora.
Do coqueiro nasce o palmito,
Do palmito nasce a palma:
Quero que responda em verso
Quem entrou no céu sem alma.
223
Dança o fado, minha gente,
Que uma noite não é nada;
Se eu não for dormir agora,
Dormirei de madrugada.
224
Deixa estar o jacaré
Que a lagoa há de secar:
Rio Prelo há de dar vau
Té pra cachorro passar.
225
De muita gente que existe
E que julgamos ditosa,
Toda a ventura consiste
Em parecer venturosa.
226
Dorme, dorme, meu filhinho,
As aves estão dormindo;
As estrelas cintilantes
Lá no céu estão luzindo.
228
Do amor ardentes chamas
Devoram meu coração;
Vai-me findando a existência
A minha ardente paixão.
De ti ausente, distante,
Eu não te esqueço jamais;
Lembro-te sempre, constante,
E cada vez te amo mais.
230
De saudade já não posso
Apertar o meu colete :
Foi-se embora desta terra
Meu cravo, meu ramalhete.
231
Deus lhe pague sua esmola,
Deus lhe dê muita alegria :
No reino do céu se veja
Com toda a sua família.
232
Deus lhe pague sua esmola,
Deus lhe dê muito pra dar ;
Na hora de sua morte
Queira Deus lhe perdoar.
233
De meu peito fiz um cofre
Para guardar minhas dores;
Porém tu com teus carinhos
Encheste o cofre de flores.
234
Do meu peito no canteiro
Plantei uma sensitiva,
Meu amor foi jardineiro,
Nasceu uma sempre viva.
235
Dentro de meu peito tenho
Uma dor que me consome;
Quando pego a suspirar
Da boca me sai teu nome.
236
Dai-me dessa lima um gomo,
Dessa laranja um pedaço,
Dessa boquinha um beijo,
Desse corpinho um abraço.
Da capela de um arcanjo
És luzinha desprendida;
Menina dos olhos negros,
Queres tu a minha vida?
238
Dizem que sou borboleta,
No amar sou bandoleiro,
A culpa tem quem me forja
Os ferros do cativeiro.
239
De uma simples amizade
Quantas vezes, sem querer,
Vai crescendo a simpatia
Que de amor nos faz morrer?
240
Do Brasil a mulatinha
É do céu doce maná.
Adocicada frutinha,
Saboroso cambucá
Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
De manhã encilho o pingo,
Solto o poncho estrada fora ;
Canta o galo, chora a china
Que o gaúcho vai-se embora.
(Pingo = cavalo)
222
222
Do coqueiro nasce o palmito,
Do palmito nasce a palma:
Quero que responda em verso
Quem entrou no céu sem alma.
223
Dança o fado, minha gente,
Que uma noite não é nada;
Se eu não for dormir agora,
Dormirei de madrugada.
224
Deixa estar o jacaré
Que a lagoa há de secar:
Rio Prelo há de dar vau
Té pra cachorro passar.
225
De muita gente que existe
E que julgamos ditosa,
Toda a ventura consiste
Em parecer venturosa.
226
Dorme, dorme, meu filhinho,
As aves estão dormindo;
As estrelas cintilantes
Lá no céu estão luzindo.
227
Dorme, dorme, meu menino,
Que a mãezinha logo vem:
Foi lavar os seus paninhos
Na fontinha de Belém.
Dorme, dorme, meu menino,
Que a mãezinha logo vem:
Foi lavar os seus paninhos
Na fontinha de Belém.
228
Do amor ardentes chamas
Devoram meu coração;
Vai-me findando a existência
A minha ardente paixão.
229
De ti ausente, distante,
Eu não te esqueço jamais;
Lembro-te sempre, constante,
E cada vez te amo mais.
230
De saudade já não posso
Apertar o meu colete :
Foi-se embora desta terra
Meu cravo, meu ramalhete.
231
Deus lhe pague sua esmola,
Deus lhe dê muita alegria :
No reino do céu se veja
Com toda a sua família.
232
Deus lhe pague sua esmola,
Deus lhe dê muito pra dar ;
Na hora de sua morte
Queira Deus lhe perdoar.
233
De meu peito fiz um cofre
Para guardar minhas dores;
Porém tu com teus carinhos
Encheste o cofre de flores.
234
Do meu peito no canteiro
Plantei uma sensitiva,
Meu amor foi jardineiro,
Nasceu uma sempre viva.
235
Dentro de meu peito tenho
Uma dor que me consome;
Quando pego a suspirar
Da boca me sai teu nome.
236
Dai-me dessa lima um gomo,
Dessa laranja um pedaço,
Dessa boquinha um beijo,
Desse corpinho um abraço.
237
Da capela de um arcanjo
És luzinha desprendida;
Menina dos olhos negros,
Queres tu a minha vida?
238
Dizem que sou borboleta,
No amar sou bandoleiro,
A culpa tem quem me forja
Os ferros do cativeiro.
239
De uma simples amizade
Quantas vezes, sem querer,
Vai crescendo a simpatia
Que de amor nos faz morrer?
240
Do Brasil a mulatinha
É do céu doce maná.
Adocicada frutinha,
Saboroso cambucá
Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.