Quadras populares 101 a 120
Poema anônimo
101
Alfaiate quer tesoura;
Sapateiro quer tripeça;
Moça bonita quer ouro;
Moça velha quer conversa.
102
A rosa tem vinte folhas;
O cravo tem vinte e uma;
Está o cravo crestando
Que a rosa já tem mais uma.
103
Açucena quando nasce
Toma conta do jardim;
Eu também ando caçando
Quem tome conta de mim.
104
A candeia estava acesa,
Por que foi que se apagou?
Pergunta àquela menina
Por que razão me deixou.
105
Alecrim verde apanhado
Não te seja enganador,
Pois não cabe no meu peito
Amar a quem me deixou.
106
Adora, pateta, adora,
Adora bem adorado:
Verás o logro que levas
Depois do caso passado.
107
Alecrim quer que eu porfie,
Eu não quero porfiar;
Eu também tenho o meu brilho,
Quem quiser vem procurar.
108
Alecrim verde e cheiroso
Na janela de meu bem;
Inda bem não me casei
Já me dão os parabéns.
109.
A lua tem quatro cantos,
Todos quatro contra mim.
A fortuna terá culpa
De não nascer para mim?
110
Abaixa, serra da Lapa,
Que eu quero avistar Congonha;
Meu amor aqui tão perto
E eu morrendo de vergonha.
(Congonha: Congonhas do Campo)
111
A lua está muito clara,
Menina, como há de ser?
Deixa vir a noite escura
Pra ninguém nos conhecer.
112
A paixão em que me abraso
Dilacera o peito meu;
Dá-me prazer, dá-me vida,
Dá-me, dá-me um beijo teu.
113
Alecrim é venenoso
Pelo bom cheiro que tem;
Se de ti tenho ciúme
É porque te quero bem.
114
Alecrim verde arrancado
Encostado inda floresce.
- Quem eu quero não me quer,
Quem me quer não me merece.
115
Alecrim verde cheiroso
Tem o cheiro diferente;
Esse nosso doido amor
Dá combate a muita gente.
116
Ajuda-me, companheiro,
Que eu também te ajudarei;
Quando eu te vir afrontado
Eu te desafrontarei.
117
A viola chora a prima,
A prima chora o bordão;
Não me faças alembrar
Dos amores do sertão.
118
Atirei um anzol de prata
No nó do amor tirano;
Mergulhei e vim ao fundo,
Fui buscar o desengano.
119
Andorinha do coqueiro
Dá-me novas de meu bem;
Se está morta, se está viva,
Se está nos braços de alguém.
120
Alecrim da beira d’água,
Manjerona de outra banda;
Hei de amar o meu benzinho
Inda que haja demanda.
Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.