Plumas
Poema de Leonor Posada
Da vida tenho a carícia
da água franjada em espumas:
canta-me n'alma, propícia,
a comunhão de mil plumas...
Sou como urna ave canora
que, estendendo ao sol as penas,
o azul do espaço namora
e às regiões sobe serena...
Ninguém me perturba o enleio,
ninguém do êxtase me acorda...
sou luz e sou garganteio,
do encanto a bendita corda...
Do sonho as névoas macias,
tomo-as, sentindo vencê-las,
e encho as minhas mãos vazias
com a luz das brancas estrelas.
Fonte: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.
Originalmente publicado em: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.