Plumas e espinhos

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Poema de Leonor Posada


Pela minha existência vou colhendo
aqui e ali, indiferentemente,
males e bens; se alguns vou merecendo,
doutros - dói-me dizer - sou inocente.

Palavras de carinho - bem presente -
fazem-me a dor em pouco ir esquecendo;
ingratidões, invejas - indulgente
sofro-as e esqueço-as no meu dividendo...

Das esperanças, ilusões, algumas
deixam-me n'alma a sensação das plumas,
como se houvesse em mim flores e ninhos.

E vou seguindo a rota da existência:
tendo à fronte do Sonho a transcendência
e os pés sangrando em ríspidos espinhos.



Fonte: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.
Originalmente publicado em: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.


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