Pedra rolada

Imagem de Mário Quintana

Poema de Mario Quintana



Esta pedra que apanhaste acaso à beira do caminho
tão lisa de tanto rolar
e macia como um animal que se finge de morto.
 
Apalpa-a... E sentirás, miraculosamente,
a suave serenidade com que os mortos recordam...
 
Mortos?! Basta-lhes ter vivido
um pouco
para jamais poderem estar mortos
 
e esta pedra pertence ainda ao universo deles.
 
Deposita-a
cuidadosamente
no chão...
 
Esta pedra está viva!



Fonte: "Poesia Completa", Editora Nova Aguilar, 2006.
Originalmente publicado em: "Apontamentos de história sobrenatural", 1976.


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