Freira
Poema de Sarah de Tobias
À meia luz da semi-obscuridade,
Onde domo o furor dos meus impulsos,
Sinto horror e repilo a virgindade
E o triste manto que me algema os pulsos.
Envergonha-me a falsa castidade,
Amo os ímpetos lúbricos, convulsos,
A alvorada da minha mocidade,
Os desejos insanos e propulsos...
Amo os rútilos sonhos de ventura,
A violenta emoção do meu delírio
E o pecado que afaga e que tortura...
Mas odeio e maldigo este convento,
Onde vivo carpindo o meu martírio
E abafando o meu próprio sentimento.
Fonte: "Emoções secretas", Placido & Silva Editores, 1924.
Originalmente publicado em: "Emoções secretas", Placido & Silva Editores, 1924.