A surpresa (trecho)
Poema de Henriqueta Lisboa
Berenice na doçura da brisa que ainda agora brincava na várzea,
no verde-claro das avenidas sob as varandas inaugurais,
no madrugar da estrela que nenhum sábio anunciou,
Berenice no regaço materno como joia escolhida de núpcias.
Berenice na insônia das noites infestadas de presságios,
no chamamento das ilhas longínquas do Pacífico,
na incerteza dos barcos à vela sobre o dorso dos rios,
Berenice no seio das turbas como pássaro entre víboras.
Na plenitude dos gestos desafogados e heroicos,
no acenar das bandeiras sobre as cumeadas,
no êxtase e no martírio da criação, Berenice,
Berenice na harmonia do cosmos como força essencial!
Fonte: "Prisioneira da noite", Editora Civilização Brasileira, 1941.
Originalmente publicado em: "Prisioneira da noite", Civilização Brasileira, 1941.
Fonte: "Prisioneira da noite", Editora Civilização Brasileira, 1941.
Originalmente publicado em: "Prisioneira da noite", Civilização Brasileira, 1941.