178. Arouche


Poema de crroma



Não te sobreviveram os bondes.
Quase se extinguiram as casas com jardins.
E quem ainda se ocupa do chiado de insetos?
Postes de fios metálicos se espalharam
por entre o concreto das esquinas
sem roseiras.

Ar preso por torres, ar soez de fumaça
em que sobem os avessos.
As conchas abertas das avenidas,
os viadutos assentados na deselegância de colunas
atiram o trânsito esquizofrênico das máquinas.

À expulsão de tudo que não fosse espelho
ao seu urbano mau gosto, resistia
a solitária chichá do Largo do Arouche.
Árvore bicentenária,
testemunha do tempo anterior à cidade,
de operários e obras, do cerco de grades,
do rarear de passeios na garoa.

Mais de trinta metros de paciente antiguidade,
a chichá tombou
em meio ao temporal.